Marcha da Família com Deus pela Liberdade, pedia queda do governo há 54 anos atrás!
No dia 19 de março de 1964, seis dias após o comício de João Goulart (1919-1976) no da Central do Brasil no Rio de Janeiro, iniciou-se a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade” em São Paulo, como resposta ao discurso realizado, que considerou a fé católica atacada por Jango realizado no dia 13, no momento em que presidente diz que “não é com rosários que se combatem as reformas” e sugeriu alguns empresários e suas esposas para uma “Marcha de Desagravo ao Santo Rosário", pela ofensa que tinham constituído as palavras de Goulart na Guanabara”.O povo estava cansado das mentiras e das promessas de reformas demagógicas.
Reformas sim, nós a faremos, a começar pela reforma da nossa atitude.
De hoje em diante os comunistas e seus aliados encontrarão o povo de pé. [...] Com Deus, pela Liberdade, marcharemos para a Salvação da Pátria!", dizia o comunicado lido no dia da manifestação.
A oposição ao governo Goulart (1961-1964) capitalizou o evento, a começar pelo então governador de São Paulo, Ademar de Barros, além do governador paulista compareceram à marcha uma série de deputados da direita, como o líder integralista Plínio Salgado e o presidente do Senado Auro de Moura Andrade, que no dia 02 de abril declararia vaga a presidência da República, mesmo com Jango ainda em território nacional.
Organização da Marcha
No evento foram realizadas diversas reuniões de organizações de direita e seus representantes, entre elas a Fraterna Amizade Urbana e Rural, Sociedade Rural Brasileira, a União Cívica Feminina, além de organizações católicas conservadoras como a Cruzada pelo Rosário em Família, Confederação Católica do Arcebispado do Rio de Janeiro, Associação dos Antigos Alunos do Sagrado Coração de Jesus e o Grupo de Reabilitação do Rosário.
Trajeto
Com início às 16h na Praça da República, a marcha percorreu a rua Barão de Itapetininga, Praça Ramos de Azevedo, Viaduto do Chá, Praça do Patriarca, rua Direita e teve como ponto final o marco zero da capital paulista, a Praça da Sé.
Apoio estrangeiro
Entre as organizações católicas que participaram da organização do evento, estava a Cruzada pelo Rosário em Família e como líder o padre Patrik Peyton, que veio das Filipinas no final de 1963 a convite do então arcebispo do Rio de Janeiro, dom Jaime de Barros Câmara.
O lema “a família que reza unida permanece unida”, Peyton promoveu uma série de eventos públicos de massa para os fiéis brasileiros em que associava os males do mundo aos “políticos ateus que queriam mudar a ordem natural das coisas”.
Na década de 70, o padre foi apontado por historiadores norte-americanos como agente da CIA, especialista em levantar as massas católicas contra o comunismo ateu em nome da Virgem Maria.
Percebendo o perigo que o padre estrangeiro representava, o então ministro resolve chamá-lo para Brasília afim de convencê-lo a rezar o terço com Jango. “Tivemos uma conversa desencontrada, porque ele foi trazido por um agente da CIA, que eu tive que colocar para fora da sala”, relata Darcy.
A empreitada teve êxito e a missa e reza do padre foram gravadas para a televisão, mostrando logo no início Jango ao lado de sua esposa Maria Thereza, e seus dois filhos.
Apesar da tentativa de minimizar o efeito da pregação anticomunista do padre, o terreno para ações de massa contra o governo já estava preparado.
Após a marcha realizada na capital paulista, outras semelhantes correram o interior do Estado. No dia 21 de março foram realizadas duas Marchas, em Araraquara e Assis.
No dia 25, cerca de 80 mil pessoas marcharam na cidade litorânea de Santos, no dia 28 em Itapetininga e no dia 29 em Atibaia, Ipauçu e Tatuí. A Marcha aconteceu também em outros estados. No dia 24, na cidade de Bandeirantes no Paraná e no dia 02 de abril cerca de um milhão de pessoas marcharam no Rio de Janeiro para comemorar a Marcha da Vitória.
O Resultado
Foi alcançado com esta manifestação, os militares puderam vislumbrar um apoio popular desses setores da sociedade para a realização do um contragolpe militar contra os comunistas e depôs o presidente em 1 de abril de 1964 após isso, uma serie de governos militares foram eleitos democraticamente pelo povo.
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